segunda-feira, 18 de junho de 2012

Matéria especial - Parte 3

Surgimento do UFC


Dentre os filhos de Hélio Gracie, apenas, Rorion, o mais velho resolveu sair do país de imediato. Após se formar em Direito, largou o emprego de professor em uma das academias da família, onde trabalhava com o irmão Rickson, o lutador número um da família na época, e foi morar nos Estados Unidos.

Rorion Gracie
Enquanto os irmãos seguiam a doutrina Gracie, de disseminar o Jiu-Jítsu como a arte-marcial mais eficiente, através dos desafios que propunham para praticantes de outras modalidades, Rorion entendeu que apenas quando os americanos tomassem conhecimento do Jiu-Jítsu, este, como almejado pela família, seria mundialmente conhecido.

Rorion procurou diversas academias onde pudesse ministrar suas aulas porém foi negado na maioria delas, e encontrou, mais uma vez, no desafio a melhor maneira de se fazer conhecido. Ao desafiar um professor de tae kwon do e ganhar facilmente dele em frente de toda sua classe, Rorion começou a conquistar alunos para suas aulas, que futuramente passaram a acontecer na garagem de sua casa. Além das aulas particulares de Jiu-Jítsu, Rorion propunha também, na academia improvisada, desafios para quem quisesse medir forças com seu Jiu-Jítsu, chegando a oferecer 100 mil dólares para quem o derrotasse, quantia da qual ele não dispunha, tamanha era a confiança em sua técnica. Juntamente com sua academia, Rorion tinha um emprego como figurante de filmes B de Hollywood, e costumava fazer demonstrações de Jiu-Jítsu nos intervalos das gravações, o que o levou, em 1986, a convencer um produtor a lhe dar o cargo de consultor de cenas de luta no filme Maquina Mortífera, estrelado por Mel Gibson e Danny Glover.

O contato com atores e produtores lhe rendeu fama, e celebridades passaram a frequentar sua “academia de garagem”, curiosos sobre aquela nova luta que o brasileiro ensinava e se mostrava verdadeiramente eficiente.

Logomarca do primeiro UFC


Rorion, juntamente com Davie e John Millius, produtor e roteirista de cinema, pensaram nos moldes do evento e de como este deveria ser. O evento contaria com oito lutadores que se enfrentariam em eliminatórias. O ringue seria em forma de octógono, dificultando que o lutador ficasse acuado em um canto e que houvesse interferência do juiz, como ocorre no boxe. O mais importante talvez foi a definição do nome, que ficou decidido como Ultimate Fighting Championship, UFC.
            
Em 12 de novembro de 1993, com 3.500 espectadores e 86 mil pay-per-views vendidos, o UFC coroou seu primeiro grande campeão, Royce Gracie, irmão mais novo e franzino da família Gracie. O evento arrecadou mais de 1,3 milhões de dólares, tornando-se um sucesso instantâneo, sendo citado inclusive pela revista Forbes daquele ano como a estréia mais rentável de um evento televisivo de todos os tempos.

Assista abaixo a grande final da primeira edição do UFC, onde o irmão mais novo de Rorion, e lenda do MMA, Royce Gracie, se sagra campeão.


      Após a realização de eventos subsequentes, porém, o UFC enfrentou o mesmo problema de antigamente, a alta crítica devido ao nível de violência apresentado, e o MMA, como de costume, encontrou mais uma barreira para se desenvolver.


     A propaganda do evento, ressaltando a violência gratuita e os combates sanguinolentos, além de ostentar sua proibição em 49 estados americanos, atraia sim um grande público, mas não um público capaz de fazer a marca crescer e prosperar, de maneira a fazer com que o espetáculo evoluísse e desse um retorno financeiro realmente significante. As lutas perderam em nível técnico e ganharam em violência, algumas delas sendo consideradas verdadeiras brigas de ruas, com mordidas e golpes na genitália. 


Logomarca do Pride, evento que até o começo
dos anos 2000 foi o principal evento de MMA do planeta.
     Com a decaída do UFC, novos torneios foram surgindo, e ajudando no processo de disseminação do MMA, pois através deles se destacavam novos atletas da modalidade, e mais importante, as adaptações das regras, feitos em cada um, para facilitar a realização sem maiores críticas, foram vitais para a prática do esporte nos moldes como conhecemos hoje.   Os torneios realizados no Brasil, e principalmente no Japão, como o Pride e o K-1, serviram para elevar o nível dos atletas, dando pela primeira vez um caráter de profissionalismo ao esporte.


     A maneira como o UFC se reergueu, tornando-se não apenas o maior evento de MMA do planeta, mas como principal responsável pela popularização do esporte será tema da quarta e última parte de nossa matéria especial. 
 



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