Surgimento do UFC
Dentre os filhos de Hélio Gracie, apenas, Rorion, o mais velho resolveu
sair do país de imediato. Após se formar em Direito, largou o emprego de
professor em uma das academias da família, onde trabalhava com o irmão Rickson,
o lutador número um da família na época, e foi morar nos Estados Unidos.
Rorion Gracie |
Enquanto os irmãos seguiam a doutrina Gracie, de disseminar o Jiu-Jítsu
como a arte-marcial mais eficiente, através dos desafios que propunham para
praticantes de outras modalidades, Rorion entendeu que apenas quando os
americanos tomassem conhecimento do Jiu-Jítsu, este, como almejado pela
família, seria mundialmente conhecido.
Rorion procurou diversas academias onde pudesse ministrar suas aulas
porém foi negado na maioria delas, e encontrou, mais uma vez, no desafio a
melhor maneira de se fazer conhecido. Ao desafiar um professor de tae kwon do e
ganhar facilmente dele em frente de toda sua classe, Rorion começou a
conquistar alunos para suas aulas, que futuramente passaram a acontecer na
garagem de sua casa. Além das aulas particulares de Jiu-Jítsu, Rorion propunha
também, na academia improvisada, desafios para quem quisesse medir forças com
seu Jiu-Jítsu, chegando a oferecer 100 mil dólares para quem o derrotasse,
quantia da qual ele não dispunha, tamanha era a confiança em sua técnica.
Juntamente com sua academia, Rorion tinha um emprego como figurante de filmes B
de Hollywood, e costumava fazer demonstrações de Jiu-Jítsu nos intervalos das
gravações, o que o levou, em 1986, a convencer um produtor a lhe dar o cargo de
consultor de cenas de luta no filme Maquina
Mortífera, estrelado por Mel Gibson e Danny Glover.
O
contato com atores e produtores lhe rendeu fama, e celebridades passaram a
frequentar sua “academia de garagem”, curiosos sobre aquela nova luta que o
brasileiro ensinava e se mostrava verdadeiramente eficiente.
Logomarca do primeiro UFC |
Rorion,
juntamente com Davie e John Millius, produtor e roteirista de cinema, pensaram
nos moldes do evento e de como este deveria ser. O evento contaria com oito
lutadores que se enfrentariam em eliminatórias. O ringue seria em forma de
octógono, dificultando que o lutador ficasse acuado em um canto e que houvesse
interferência do juiz, como ocorre no boxe. O mais importante talvez foi a
definição do nome, que ficou decidido como Ultimate Fighting Championship, UFC.
Em 12 de novembro de 1993, com 3.500
espectadores e 86 mil pay-per-views vendidos, o UFC coroou seu primeiro grande
campeão, Royce Gracie, irmão mais novo e franzino da família Gracie. O evento
arrecadou mais de 1,3 milhões de dólares, tornando-se um sucesso instantâneo,
sendo citado inclusive pela revista Forbes daquele ano como a estréia mais
rentável de um evento televisivo de todos os tempos.
Assista abaixo a grande final da primeira edição do UFC, onde o irmão mais novo de Rorion, e lenda do MMA, Royce Gracie, se sagra campeão.
Após a realização de eventos
subsequentes, porém, o UFC enfrentou o mesmo problema de antigamente, a alta
crítica devido ao nível de violência apresentado, e o MMA, como de costume,
encontrou mais uma barreira para se desenvolver.
A propaganda do evento, ressaltando a violência gratuita e os combates sanguinolentos, além de ostentar sua proibição em 49 estados americanos, atraia sim um grande público, mas não um público capaz de fazer a marca crescer e prosperar, de maneira a fazer com que o espetáculo evoluísse e desse um retorno financeiro realmente significante. As lutas perderam em nível técnico e ganharam em violência, algumas delas sendo consideradas verdadeiras brigas de ruas, com mordidas e golpes na genitália.
Logomarca do Pride, evento que até o começo dos anos 2000 foi o principal evento de MMA do planeta. |
A maneira como o UFC se reergueu, tornando-se não apenas o maior evento de MMA do planeta, mas como principal responsável pela popularização do esporte será tema da quarta e última parte de nossa matéria especial.
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