O MMA, sigla que representa Mixed Martial Arts (Artes
Marciais Mistas), teve de passar por uma grande evolução até se tornar popular
como é hoje. O
UFC (Ultimate Fighting Championship), maior evento da categoria
no mundo, sendo considerado a atração esportiva que mais cresce na atualidade, líder
de vendas em pay-per-view, já esteve perto da falência. A história do MMA se
funde com a do UFC, pois foi através do evento que ocorreu a disseminação e
aperfeiçoamento das técnicas e treinamentos de luta.
Os embates entre lutadores de diferentes técnicas existem desde
os desafios de Vale-Tudo promovidos pelos Gracie entre as décadas de 1960 e
1990, em que se buscava provar a eficácia do jiu-jitsu desenvolvido pela
família contra quaisquer outras artes-marciais. A partir dessa ideia, Rorion
Gracie, filho mais velho de Hélio Gracie, patriarca da família, resolveu montar
um evento, televisionado, onde lutadores de diferentes artes-marciais se
enfrentariam, com o mínimo de regras (daí o nome vale-tudo, pois nos primeiros
UFC só não valia dedos nos olhos e mordidas), para definir qual era a mais
eficiente.
A primeira edição do UFC ocorreu em 1993 nos Estados Unidos
e tornou-se um grande sucesso entre os entusiastas de artes-marciais. Porém, os
combates violentos, fraturas e cortes sendo transmitidos ao vivo logo se
tornaram um problema para os organizadores do UFC, que passou a ser banido na
maioria dos estados americanos, fazendo com que o evento beirasse a falência no
fim dos anos 1990.
Em 2001 ocorreu um fato determinante para o ressurgimento do
UFC, bem como para o status que ele atingiu nos dias de hoje. Os irmãos
Fertitta, Lorenzo e Frank, juntamente com o produtor de boxe, e atual
presidente do UFC, Dana White, compraram o evento. As boas relações dos irmãos
Fetitta com a Comissão Atlética de Nevada (estado onde se encontra Las Vegas) permitiu
que o evento voltasse a ser promovido com a introdução de novas regras que
protegessem a integridade física dos atletas. E graças ao tino comercial de
Dana White, que atraiu grandes patrocínios e investidores, o UFC voltou a ser
transmitido no pay-per-view, retomando assim sua popularidade.
Outro fator determinante para o grande sucesso do MMA foi a
ideia dos donos do UFC de realizarem um reality show, onde lutadores treinariam
e se enfrentariam com o objetivo de conseguir um contrato no evento. Este
reality show, chamado de
“The Ultimate Fighter”, já está na décima quarta
temporada nos EUA, e estreou sua primeira versão internacional aqui no Brasil
no último domingo, mostrando o sucesso da modalidade.
Antigamente rotulado como brutal e “sem-regras”, o MMA hoje
é uma modalidade com regras bastante definidas e atletas reconhecidos
internacionalmente. O que era uma tentativa de descobrir qual a arte-marcial
mais eficiente, hoje gira em torno da maneira com que os atletas combinam estas
artes-marciais em uma competição com regras rigorosas, para atingirem a
vitória. Vitória essa que, além de status, garante gordas bolsas, podendo
atingir até meio milhão de dólares por luta.
Cenário Local
O MMA, antes com pólos de prática bem definidos na Bahia,
Rio de Janeiro e Curitiba, hoje já começa a se espalhar pelo país, tendo como
um centro emergente a Capital Federal.
Lucas Mori, 24, praticante de MMA enxerga esse crescimento
como um movimento não apenas no DF, mas sim de todo Brasil, devido ao grande
espaço que ele ocupa hoje na mídia, principalmente com eventos que são
transmitidos pela televisão a cabo e pelo pay-per-view de maneira freqüente.
Outro fator que Lucas
cita para a disseminação do esporte foi a mudança na maneira que as pessoas o
enxergam:
Quando perguntado sobre as condições de treinamento que as
academias do DF propiciam hoje para os praticantes do esporte, Lucas disse:
Comparando as academias locais com academias como a Chute
Boxe, de Curitiba, e a Top Team, do Rio de Janeiro, ambas com filiais no
exterior e formadoras de atletas campeões.
O crescimento do esporte no DF esta se consolidando, os
grandes eventos de MMA do país já enxergam o mercado consumidor existente. “O
público em Brasília é um grande mercado para os eventos de MMA, isso já ficou demonstrado nos últimos eventos
realizados na cidade, e acho que estamos no caminho certo, ainda falta muito
patrocínio como em qualquer esporte no Brasil que não é ligado ao futebol, mas se os eventos forem organizados de forma
correta, os eventos realizados em Brasília tem tudo para serem lucrativos...”
finaliza Lucas.
O grande sucesso de lutadores brasileiros na modalidade
corrobora com essa popularidade e ao crescente número de adeptos nas academias.
Nomes como Anderson Silva, José Aldo, Rodrigo Minotauro, Maurício Shogun, Lyoto
Machida, dentre outros, figuram como estrelas dos principais campeonatos de MMA
do mundo. No âmbito regional podemos destacar o nome de Paulo Thiago, policial
do BOPE (Batalhão de Operações Especiais) de Brasília, e lutador contratado do
UFC.